REGIÃO DO HEMISFÉRIO OCIDENTAL

Perspectivas econômicas: As Américas

outubro de 2019

 

 

 

 

 

 

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Perspectivas econômicas: As Américas - Frustradas pela incerteza

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O crescimento na região da América Latina e Caribe (ALC) desacelerou de 1,0% em 2018 para 0,2% em 2019, mas projeta-se para 2020 uma recuperação frágil, para 1,8%. Fatores externos, como o crescimento global medíocre, preços contidos das commodities e fluxos de capitais voláteis continuam a representar um vento contrário para as perspectivas econômicas da região, embora condições financeiras mais folgadas proporcionem algum alívio. As incertezas na política de alguns países de grande porte da ALC continuam a ser um empecilho para o crescimento, enquanto a crise econômica e humanitária da Venezuela continua a desencadear grandes fluxos migratórios para outros países da região. Nesse cenário, as economias da ALC precisarão se apoiar em fontes internas de crescimento para acelerar a recuperação, o que depende de um aumento no consumo e investimento privados, ancorado por uma recuperação da confiança de consumidores e empresas. Os riscos para as perspectivas mantêm o viés negativo, incluindo reduções adicionais do crescimento global e dos preços das commodities, um aumento acentuado nos prêmios de risco, a elevada incerteza das políticas internas, o contágio da turbulência financeira na Argentina e eventuais catástrofes naturais. Dado o ambiente global desafiador e os hiatos do produto ainda negativos na região, as políticas econômicas precisarão conseguir um equilíbrio entre sustentar o crescimento e reconstruir o espaço para as políticas. A consolidação fiscal visando reduzir o endividamento público continua a ser uma prioridade em diversos países. A política monetária deverá continuar a ser favorável para o crescimento, em função da perspectiva estável para a inflação e as expectativas bem ancoradas. As vulnerabilidades das empresas exigem mais atenção. Reformas estruturais, voltadas para a maior abertura do comércio e investimento, o estímulo à competitividade e maior flexibilização das regras trabalhistas, continuam a ser um imperativo.

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Fluxos de capitais para a América Latina após o superciclo das commodities

Os países da América Latina e do Caribe (ALC) dependem de fluxos voláteis de entrada de capitais para financiar investimentos, o que apresenta desafios de vulto. Após o término do superciclo das commodities, em 2014, os fluxos de capitais para a região diminuíram e sua composição se tornou mais arriscada, com maior predominância dos fluxos de carteira. Adicionalmente, a sensibilidade das entradas de capitais às condições financeiras globais e aos diferenciais de crescimento se ampliaram nos últimos anos, aumentando a probabilidade de uma interrupção abrupta nos fluxos de capitais caso o crescimento da região continue a vacilar e as condições financeiras globais fiquem mais apertadas. A análise neste capítulo mostra que as interrupções repentinas na entrada de capitais tendem a ser mais curtas e menos custosas nos países com regimes de câmbio flutuante, enquanto um aperto na política monetária após uma dessas interrupções também está associado à redução na duração desses episódios e na consequente desaceleração no crescimento. Contudo, controles de capitais mais rígidos não apresentaram efeitos estatisticamente significantes sobre a duração das interrupções abruptas.

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Spreads soberanos e consolidações fiscais

Commodities com preços reduzidos, crescimento medíocre e um período prolongado de baixas taxas de juros globais contribuíram para o aumento da dívida pública em muitos países da América Latina e Caribe (ALC). Nesse contexto, e em vista do ambiente externo mais difícil, a percepção dos mercados financeiros em relação ao risco de crédito na ALC sofreu alguma deterioração. Isso levou as autoridades em muitas dessas economias a anunciar medidas de consolidação fiscal destinadas a reduzir a dívida pública e aumentar a confiança na solvência fiscal, medida com base nos spreads das obrigações soberanas. Não obstante, tem sido difícil encontrar evidências empíricas que quantifiquem os efeitos da política fiscal nos spreads soberanos. Utilizando uma nova base de dados de notícias sobre políticas fiscais, este capítulo investiga os efeitos dos anúncios de consolidação fiscal nos spreads soberanos na ALC durante o período 2000–18. Os nossos resultados mostram que os spreads soberanos registraram quedas significativas após a publicação de notícias da aprovação de medidas de consolidação fiscal no Congresso, sobretudo em períodos de spreads soberanos elevados ou quando os países estavam participando de um programa do FMI. Além disso, os pacotes de ajuste fiscal são mais eficazes—resultando em menores perdas de produção e maiores reduções da relação entre a dívida pública e o PIB—quando os spreads soberanos registram uma queda significativa após o anúncio. Esses resultados constituem evidências diretas de que, quando confrontadas com uma situação de estresse fiscal, as iniciativas credíveis de consolidação são recompensadas. Esses efeitos de confiança são cruciais para atenuar a desaceleração da atividade econômica após uma consolidação fiscal.

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A dinâmica do mercado de trabalho e a informalidade ao longo do ciclo econômico na ALC

Os mercados de trabalho na América Latina e Caribe (ALC) são caracterizados por níveis elevados de informalidade, taxas baixas de participação feminina e legislação trabalhista relativamente rígida. Nossos resultados mostram que a informalidade desempenha um papel importante na dinâmica dos mercados de trabalho da região. A informalidade é contracíclica, e a margem de ajuste entre formal e informal reduz a importância da margem entre emprego e desemprego; ou seja, a informalidade amortece o coeficiente de Okun, que relaciona o desemprego a variações cíclicas no PIB. No entanto, os dados sugerem que a informalidade torna mais lento o ajuste a choques, com impacto negativo sobre o crescimento. Constatamos que custos mais altos de demissão de funcionários, a complexa regulamentação sobre demissões e salários mínimos elevados estão associados a uma maior informalidade. Ademais, a variação das taxas de participação agregada guarda uma relação positiva com a variação do PIB, embora tenhamos encontrado algumas evidências de que a taxa de participação feminina é contracíclica nas recessões na ALC.

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Repercussões na América Latina da desaceleração do crescimento na China e nos Estados Unidos

A atividade econômica na China e nos Estados Unidos deve desacelerar no futuro em virtude de forças cíclicas, do envelhecimento da população e do lento crescimento da produtividade. Além disso, o aumento das tensões comerciais e tecnológicas entre os dois países poderia levar a uma desaceleração mais rápida no curto prazo. Esses desdobramentos terão provavelmente repercussão em outros países, como os da América Latina. Este anexo procura quantificar essa repercussão utilizando técnicas empíricas e baseadas em modelos. Os resultados mostram que os países com maior exposição à China e aos Estados Unidos pelos canais do comércio, dos preços das commodities e dos fluxos financeiros sofrerão um impacto maior. Por exemplo, uma queda temporária de 1 ponto percentual do crescimento da China reduziria o crescimento do Chile e do Peru—os dois países com maior exposição a esse país—em 0,2 ou 0,3 ponto percentual. Um choque semelhante advindo dos EUA reduziria o crescimento da Costa Rica e do México em 0,5 ponto percentual. Esses impactos poderão ser ainda maiores se a desaceleração na China e nos Estados Unidos também acarretar condições financeiras mais restritivas nas economias de mercados emergentes, incluindo na América Latina.

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