Perspetivas Económicas Regionais

África Subsariana

Outubro de 2024

Reformas num contexto de grandes expectativas

Os países da África Subsariana estão a implementar reformas essenciais, mas difíceis, para restabelecer a estabilidade macroeconómica, e muito embora os desequilíbrios globais tenham começado a diminuir, o panorama é heterogéneo.

Os decisores de políticas enfrentam três obstáculos principais. Em primeiro lugar, o crescimento regional, projetado em 3,6% em 2024, é globalmente ténue e desigual, embora se espere que recupere moderadamente, atingindo 4,2% em 2025. Em segundo lugar, as condições de financiamento continuam a ser restritivas. Em terceiro lugar, a complexa interação entre a pobreza, a falta de oportunidades e a fraca governação, agravadas pelo aumento do custo de vida e as dificuldades a curto prazo causadas pelos ajustamentos macroeconómicos, estão a alimentar a frustração social.

Neste contexto, os decisores de políticas deparam-se com um difícil ato de equilibrismo, que consiste em assegurar a estabilidade macroeconómica e, ao mesmo tempo, tentar dar resposta às necessidades de desenvolvimento e assegurar que as reformas são aceitáveis do ponto de vista social e político. É essencial proteger os mais vulneráveis dos custos dos ajustamentos e implementar reformas que gerem empregos suficientes para mobilizar o apoio público.

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Tabela de Projeções

  • Notas Analíticas

    O tempo está a contar: Superar o desafio urgente da criação de empregos na África Subsariana

    A África Subsariana precisa urgentemente de criar empregos para a sua população cada vez mais numerosa, especialmente em países frágeis e de baixo rendimento. Os mercados de trabalho da região enfrentam elevados níveis de informalidade e entraves à criação de empregos, o que resulta numa escassez de empregos de qualidade. Enfrentar este problema passa necessariamente por um crescimento da produtividade em todos os setores, incluindo no setor informal. As políticas devem dar prioridade ao apoio aos trabalhadores, à remoção de barreiras ao crescimento empresarial e à transição para um setor industrial mais produtivo, que permita a criação de oportunidades de trabalho mais expressivas.

    Uma região, duas trajetórias: Divergências na África Subsariana

    Ao longo da última década, os países da África Subsariana ricos em recursos naturais têm registado um crescimento que não passa de metade do crescimento dos países pobres em recursos naturais, tendo os países exportadores de combustíveis registado um desempenho especialmente fraco. Esta divergência tem sido, em grande parte, alimentada por um choque drástico nos termos de troca sofrido pelos países ricos em recursos naturais, sobretudo os países exportadores de combustíveis. Além disso, o impacto destes choques nos países ricos em recursos naturais foi agravado por vulnerabilidades estruturais, tais como a má governação, a fraca gestão das receitas provenientes dos recursos naturais, um ambiente de negócios desfavorável, o capital humano limitado e a elevada incidência de conflitos e fragilidade. Esses fatores conduziram a um enviesamento pró-cíclico da política orçamental e impediram a diversificação e o desenvolvimento do setor privado. Para relançar o crescimento sustentável, será necessário garantir um ambiente macroeconómico estável e eliminar as distorções causadas pelas políticas. A implementação de quadros orçamentais mais robustos poderá ajudar a assegurar um crescimento mais resiliente. A implementação de reformas abrangentes destinadas a eliminar fraquezas estruturais poderá ajudar os países a diversificar-se e a crescer.

    Criar condições equitativas: Igualdade de género e desenvolvimento económico na África Subsariana

    Nas duas últimas décadas, a África Subsariana fez progressos importantes na redução das desigualdades de género, mas subsistem desafios. Não obstante as melhorias registadas ao nível da participação no mercado de trabalho e representação política, persistem disparidades de género na educação, na saúde e no acesso a recursos financeiros. Existem obstáculos jurídicos e práticas nocivas, como o casamento infantil e a violência de género, a limitar as oportunidades das mulheres, que condicionam a sua emancipação económica. É imperativo resolver estas questões para impulsionar a produtividade e promover o crescimento inclusivo na região. As recomendações de políticas acentuam a necessidade de reformas legais que melhorem o acesso à educação e promovam a inclusão financeira. A emancipação das mulheres pode estimular a diversificação económica e reduzir a pobreza, criando uma força de trabalho mais resiliente e dinâmica que sustente a estabilidade económica a longo prazo na África Subsariana.