Na América Latina, a política fiscal pode aliviar o peso sobre os bancos centrais
O crescimento da América Latina deve recuar para 1,6% neste ano, após notáveis 4% em 2022. As pressões sobre os preços que acompanharam a vigorosa atividade econômica do ano passado parecem ter chegado ao pico, mas a inflação subjacente permanece alta, prejudicando desproporcionalmente as famílias de baixa renda que gastam a maior parte dos seus ganhos em alimentos. Para mitigar o risco de que a inflação se torne enraizada, a política fiscal pode ajudar a política monetária a reduzir as pressões do lado da demanda.
Após chegar a 10% em meados de 2022, a inflação ao consumidor nas maiores economias da América Latina caiu para 7% em março. No entanto, essa queda reflete principalmente a redução dos preços das commodities em relação aos seus picos. O avanço obtido na redução do núcleo de inflação, que exclui preços de energia e alimentos, parece ter estagnado. Há uma escassez de oferta nos mercados de trabalho, e o emprego segue firme, acima dos níveis anteriores à pandemia. Ao mesmo tempo, o produto está no seu potencial ou acima dele, e as expectativas de inflação de curto prazo estão acima das metas dos bancos centrais. A forte demanda interna, os rápidos aumentos dos salários e as pressões amplas sobre os preços apontam para o risco de que a inflação na região permaneça num nível alto e inaceitável.